Uma nova geração de enólogos

Brasil de Vinhos 9 de janeiro 2024 Gisele Lovato

Entre as percepções, brancos e espumantes em alta e uvas mais tradicionais sendo resgatadas e voltando às garrafas. Mas nas palavras do Lovato algo bateu mais forte: enólogos criativos. Então resolvemos investigar.

Quem acompanha a produção de vinho no Brasil percebe que há uma nova geração nas cantinas, seja na ponta, seja nos escritórios. E as mudanças que percebemos na taça nem sempre, mas muitas vezes são frutos das novas cabeças que chegam, sedentas por novidades e por mostrar sua capacidade. Tendo isso em mente, conversamos com diversos especialistas que estão no dia-a-dia de vinícolas já há muitas safras, profissionais de diferentes estilos e perfis atuando em uma ou mais empresas nas mais variadas regiões do país. Falamos com enólogas e enólogos brasileiros – e também um argentino, um uruguaio e um português – que conhecem a vitivinicultura brasileira como poucos e pedimos que cada um deles nos recomendasse alguns profissionais, ou estudantes quase formados, que estejam se destacando no mercado, mas que muitas vezes não são conhecidos, seja porque trabalham em uma grande empresa e fazem parte de uma estrutura maior, seja porque têm pequenos projetos que ainda não estão aparecendo tanto – mas que sim, já têm uma importante legião de admiradores.

Quer saber quem chamamos para nos ajudar nessa?
Adolfo Lona, enólogo argentino, com mais de 50 anos de experiência na viticultura brasileira; Adriano Miolo, enólogo diretor-superintendente do Grupo Miolo; Alejandro Cardozo, enólogo uruguaio radicado no Brasil há mais de duas décadas, presta serviços de consultoria para diversas empresas no Brasil e no exterior; Ana Paula Barros, enóloga, professora de Enologia no IFSertãoPE e diretora regional Nordeste da ABE; Eduardo Giovannini, professor de diversas gerações de enólogos e proprietário da vinícola Quinta Barroca da Tília, em Viamão (RS);. Fábio Góes, enólogo e representante da 4º Geração da família Góes, uma das mais tradicionais vinícolas do Sudeste; Isabela Peregrino, enóloga especializada em vinhos de inverno, tem o foco do trabalho na região Sudeste, onde presta consultoria para diversas vinícolas; Marcelo Petroli, enólogo gaúcho que atua há muitos anos na região nordeste do país, atualmente é responsável pela produção de vinhos na vinícola Uvva, em Mucugê (BA), Ricardo Morari, presidente da Associação Brasileira de Enologia e enólogo responsável pela Companhia Vinícola Garibaldi; Miguel Almeida, enólogo português que desde 2005 está a frente da enologia do Grupo Miolo e William Triches professor de Viticultura e Enologia no Instituto Federal de São Paulo.

Saiba quem são os enólogos brasileiros que devem brilhar nos próximos anos
Foi interessantíssimo juntar os nomes vindos destes especialistas acima e ler e ouvir deles um pouco sobre cada um que indicaram. Recebemos muitas sugestões, nomes de profissionais das mais diversas regiões do Brasil, Nordeste, Serra, Campanha, Sudeste, Campos de Cima da Serra, Planalto Central, Metropolitana de Porto Alegre, Chapada Diamantina, Vale do São Francisco, homens e mulheres, enólogos jovens – a mais moça da lista com apenas 22 anos. Aliás, outra percepção: dos 31 da 15 são mulheres – e justiça seja feita, com a matéria fechada, recebemos o contato de mais uma enóloga, que acabou não entrando nesta reportagem, mas certamente estará na próxima. Ou seja, podemos sim dizer, que foi meio a meio.

Entre os 31 listados, devemos lembrar há dois não enólogos, mas que produzem belos vinhos em regiões diferentes, casualmente ambos em vinícolas urbanas: o engenheiro de bioprocessos e biotecnologia, Ângelo Chiezo, que atua na Vinícola Urbana, em São Paulo, e o engenheiro e administrador de empresas Eduardo Gastaldo, proprietário da Ruiz Gastaldo Vinícola Urbana, de Porto Alegre.

Em comum entre muitos também o fato da Enologia ter entrado na vida de uma forma natural, tradição da família, do meio onde foram criados, mas também, em alguns casos, meio “sem querer”, dica da mãe ou do pai. Regiões em que agora temos a uva e o vinho como protagonistas, mas que há 10, 15 anos não era assim, como a Campanha Gaúcha, por exemplo, nos trazem vários nomes, que lá atrás viram a possibilidade da profissão se tornar cada vez mais valorizada. E acertaram.

Mas mais presente que isso – os motivos pelos quais cada uma e cada um escolheu a Enologia – está o fato de, no caminho, muitos dos profissionais terem descoberto o amor pelo vinho, e estarem fazendo disso seu propósito de vida.

Listamos abaixo, em ordem alfabética, os 31 nomes apontados por profissionais reconhecidos no mercado do vinho, como nomes para serem acompanhados de perto. Cada um deles apresenta seu breve perfil, responde o que os fez optar pela Enologia e faz um exercício de imaginação, projetando como estará sua carreira em cinco anos.

Aproveite a leitura, descubra – ou confirme – talentos e anote estes nomes: vocês ainda ouvirão falar muito de cada um deles.

Aila Souza Silva, 31 anos

“Me chamo Aila, filha de baianos, baiana também, porém sempre morei em Pernambuco. Técnica em alimentos, sou formada pelo Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucan,o graduada no curso de Viticultura e Enologia e pós graduada em Gestão da Qualidade e Gestão Ambiental. Minha primeira experiência profissional foi na Vinum Sancti Benedictus (VSB) ainda no período da faculdade, atualmente estou à frente Controle de Qualidade da Rio Sol que pertence ao grupo português Global Wine. O controle de qualidade dentro da Rio Sol é o setor que acompanha todas as etapas da elaboração de vinhos e espumantes, desde a recepção da uva na cantina até a liberação dos produtos acabados para o mercado.

Pertencer a este polo (o Vale do São Francisco) faz eu me sentir realizada pela profissão que escolhi, um lugar com vasta diversidade de variedades de uvas adaptadas e rico de natureza (bioma Caatinga).

Escolhi a enologia pelo forte da região ser a fruticultura irrigada, tendo uma visão futurista de que no vale não seríamos conhecidos apenas pela região que mais exporta uva no país, mas que também seríamos reconhecidos pelos bons vinhos e espumantes produzidos.

Falando pelo lado apaixonante da profissão foi um amor à primeira vista, pois a enologia é capaz de atribuir sentimento a uma bebida, levando a ela aromas florais, doces, cítricos e até mesmos tânicos, com uso correto de potenciadores tecnológico.”

E o futuro?

“Em cinco anos quero estar ocupando lugar de destaque testificando o potencial da minha região, o Vale do São Francisco”

Allana Cappelli Decarli, 22 anos

Allana tem curso técnico em Viticultura e Enologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Bento Gonçalves, também cursou Viticultura no mesmo local, e é formada em Comércio Exterior pela Uninter. Começou a trabalhar com vinho a partir de um estágio na Chandon, focado na elaboração de espumantes.

Depois também estagiou na Cooperativa Vinícola Garibaldi, já abrangendo vinificação de vinhos tintos e brancos, espumantes e suco de uva. Apesar de jovem, também já teve experiências práticas no complexo enoturístico da vinícola Cave do Sol e atuo em projetos de pesquisa voltados para a sustentabilidade na Vitivinicultura, realizados com a Chandon do Brasil e com a vinícola Família Lemos de Almeida.

Atualmente é enóloga e responsável técnica pela Della Mastela – Vinhos de Família, localizada no Vale dos Vinhedos.

“A Viticultura e a Enologia sempre fizeram parte da minha vida, desde a infância. Percebia o amor no cuidado dos vinhedos a partir dos meus avós, que encontravam o seu sustento na Viticultura. Além disso, elaborávamos vinhos para consumo próprio na propriedade a partir das uvas cultivadas, degustávamos juntos nos momentos felizes em família, com todos reunidos nas refeições. Essas vivências e memórias foram grandes precursores que me incentivaram a cursar o Técnico juntamente com o Ensino Médio. A partir desse curso, me apaixonei ainda mais pela área e resolvi cursar o superior também.”

E o futuro?

“No período de cinco anos, me imagino sendo uma enóloga mais experiente e madura nas tomadas de decisões. A profissão requer estudo constante e os desafios mudam ano a ano, por isso ela acaba sendo tão fascinante em minha visão. Mal posso esperar para colher os frutos futuros e aprender cada vez mais.”

Amélia Leite, 32 anos

Natural de Dom Pedrito (RS), Amélia tem formação em Bacharel em Enologia pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Desde 2014 atua na área, começou com estágio extracurricular no setor de enoturismo e varejo na vinícola Guatambu, localizada em Dom Pedrito. Em 2016, na mesma vinícola, iniciou estágio obrigatório no setor industrial, segundo ela, uma grande experiência. No segundo semestre de 2016, participou de uma vindima em Portugal na região do Douro, Adega Quinta da Faísca em Favaios, localizada no município de Alijó. Em dezembro de 2016, assumiu como enóloga residente da vinícola Guatambu, no qual atualmente atua como gerente de produção.

“A enologia foi uma oportunidade muito bem aproveitada que me trouxe até aqui. Em 2011 abriu o curso de Enologia na minha cidade, algo muito promissor, pois o setor vitivinícola estava com os olhos atentos para nossa região devido ao seu terroir, sempre requisitado para grandes vinhos tintos. E junto a isso, a vinícola Guatambu estava em construção, então tudo foi se encaixando da melhor forma possível. O curso, excelentes professores e atuar na área em distintos setores desde a minha formação, acelerou esse processo de amor entre mim e a profissão. É uma profissão de muitos desafios: podemos ter 30 anos de experiência e a toda safra nos deparamos com novos aprendizados, isso para mim é muito empolgante!”

E o futuro?

“Sinceramente não penso muito sobre isso. Fazer o que é certo dentro da minha profissão e valores, vivenciar e contribuir para o crescimento de todo setor já me deixa muito feliz e realizada. Ao longo destes quase oito anos oficialmente como enóloga, aprendi, cresci, amadureci, conquistei, chorei, tive dúvidas, medos, aprendi de novo, aprendi a liderar e ser liderada, e todos os dias aprendo. Hoje sou tão grata e certa de que tudo vale muito e jamais faltarão esforços para que todo esse desenvolvimento profissional continue por muito mais do que cinco anos!”

Andrei Bellé, 32 anos

“Sou natural de Bento Gonçalves, e fiz toda minha formação no CEFET/IFRS. Primeiro fiz o Curso Técnico, depois fiz o Superior e também fiz a especialização em Viticultura. Passei pelo grupo Famiglia Valduga e fiz estágio na Chandon do Brasil. Hoje sou sócio e enólogo da Garbo Enologia Criativa, que criei em 2015 com os amigos e também enólogos Guilherme Caio e Jhonatan Marini.

Minha família tem um grande envolvimento na área. Meu pai é viticultor, assim como muitos tios são, meus avôs foram, e por aí vai… Além disso, meu avô materno alternava os vinhedos com o trabalho de cantineiro da unidade da Aurora que havia perto da sua casa no interior, e o paterno trabalhou por 10 anos na Dreher.”

E o futuro?

“Essa pergunta é difícil porque, quando ler a resposta daqui cinco anos, muita coisa vai ter sido diferente. Espero poder construir, junto aos meus sócios, uma nota de rodapé, quem sabe um parágrafo, na bela história do vinho brasileiro. Dentro disso, espero nos próximos anos fazer frutificar o que temos plantado nos últimos anos, produzindo vinhos com cada vez mais personalidade.”

Angélico Xavier Ferreira, 29 anos

“Sou Bacharel em Enologia pela UNIPAMPA e atualmente curso o MBA em Data Science da USP/Esalq. Minha trajetória profissional foi dentro da Salton, onde comecei com o estágio curricular, atuei alguns anos na cantina e depois me afastei para realizar um intercâmbio na Califórnia, na Rombauer Vineyards, em Napa Valley. Após Em retornei para a Salton e desde então atuo como enólogo, principalmente no controle dos processos de elaboração de espumantes, vinhos e suco de uva.

Eu sempre falo que a profissão me escolheu. Comecei a estudar enologia com 17 anos em uma região que, na época, não falava sobre enologia e viticultura. Mesmo assim, dentro das opções de graduação, foi a que mais me despertou interesse. Com o passar dos anos de faculdade, fui vendo que eu estava no caminho certo. Logo após a primeira safra que realizei, tive certeza de que era o que eu queria fazer para o resto da minha vida.”

E o futuro?

“Uma das coisas que aprendi ao longo da minha trajetória como Enólogo é que estamos em uma caminhada de eterno aprendizado e que cada safra nos apresenta novos desafios. Quando me imagino no futuro, penso em um profissional cada vez mais preparado para esses desafios, sempre buscando a melhoria constante dos processos e produtos. Me vejo dentro da cantina, no dia-a-dia da elaboração, desde a entrada da uva até o engarrafamento. É o que eu faço hoje e busco seguir fazendo, com mais excelência em cada nova safra.”

Ângelo Antônio Batista Chiezo, 26 anos

Engenheiro de Bioprocessos e Biotecnologia, formado pela Faculdade de Ciências Agronômicas (UNESP/Botucatu), se voltou ao mundo do vinho desde a graduação, tendo a primeira experiência profissional durante o estágio obrigatório na vinícola Lidio Carraro, em Bento Gonçalves (RS). A partir de então seguiu carreira passando por vinícolas em diferentes regiões do Brasil, como Leone di Venezia (SC), Vinifiq (SP) e também fora país, como as vinícolas King Family Vineyards (EUA) e Adega Monte Branco (Portugal). Atualmente atua na função de enólogo responsável pela produção dos vinhos na Vinícola Urbana, localizada na cidade de São Paulo (SP).

“A paixão pelo mundo do vinho surgiu com o meu avô, que faz vinhos em casa, de uma forma muito natural o interesse cresceu em mim, desde ajudá-lo em algumas simples tarefas até chegar a fazer meu primeiro vinho: desse momento em diante ter cada vez mais certeza do que eu queria. O suspense antes de começar a safra, a adrenalina quando começa, e os inúmeros desafios que se seguem até a garrafa. É difícil explicar, mas não me vejo fazendo outra coisa.”

E o futuro?

“Em cinco anos espero que a experiência possa me trazer mais discernimento para tomar as melhores decisões possíveis, poder ser reconhecido e sentir orgulho do que conquistei através do meu trabalho.”

Antonio Mendes de Souza Nascimento, 34 anos

“Sou Antonio Mendes de Souza Nascimento, enólogo, formado pelo IF Sertão-PE e mestre em Agronomia: Horticultura Irrigada, pela Universidade do Estado da Bahia. Atuei em pesquisas com vinhos tropicais e tropicais de altitude, no laboratório de enologia da Embrapa Semiárido, Petrolina (PE). Desde 2018 integro a equipe técnica da Vinícola Uvva (BA), onde estou responsável pela condução dos processos de vinificação.

Eu acredito que a minha escolha pela Enologia como profissão foi muito em função do que eu já vivenciava, pois desde muito cedo eu estava em contato com a produção de uvas (de mesa), no Vale do São Francisco. Lembro que a primeira vez que falei que queria ser enólogo foi após visitar uma vinícola, ainda quando estudava o ensino fundamental. Essa visita coincidiu com o período das fermentações e todos aqueles aromas me deixaram muito entusiasmado e convicto de que era com aquilo que eu gostaria de trabalhar futuramente.”

E o futuro?

“Para os próximos cinco anos, espero estar fazendo o que eu amo fazer: vinhos, e que estes vinhos estejam melhores a cada safra. Como a arte de elaborar bons vinhos requer aperfeiçoamento constante, também espero estar apto a prender com as inovações e, de um certo modo, contribuir com o crescimento da enologia brasileira.”

Ariana Sgarioni, 34 anos

Formação acadêmica em Viticultura e Enologia pelo Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Sul – campus Bento Gonçalves e em Nutrição pela Universidade de São Paulo. Ariana tem experiência profissional como enóloga responsável pela Adega Beraldo di Cale (SP) e pela empresa Enoconexão (SP), práticas nos laboratórios de análises físico-químicas e microvinificação da Embrapa Uva e Vinho (RS) e na Bodega Institucional do Instituto de Ciencia de la Vid y del Vino (Espanha). Ariana também é presidente da Associação Paulista dos Produtores de Uva, Vinho e Derivados – Vitis Paulista, e foi presidente da Câmara Setorial da Uva e do Vinho do Estado de São Paulo. Desde 2018 organiza anualmente o evento técnico Encontro

“A enologia sempre foi uma certeza para mim. Sempre quis estudar e trabalhar com vinhos. Acredito que esse desejo seja vinculado à minha família, tanto materna quanto paterna, que sempre tiveram a uva e o vinho como trabalho e fonte de sustento. Quando bem nova, optei por estudar mais perto de casa, então escolhi a nutrição, porém mesmo na faculdade de nutrição já fazia projetos de pesquisa com vinho e também fazia cursos extracurriculares ligados à degustação de vinhos. Após concluir a graduação de nutrição, ingressei na enologia.”

E o futuro?

“Em cinco anos, pretendo continuar elaborando e aprimorando os vinhos da Beraldo di Cale e o trabalho da Enoconexão. Para isso, pretendo participar de alguns cursos de especialização que estou planejando. Desejo também contribuir com meu trabalho para o desenvolvimento setorial da vitivinicultura e para o fortalecimento do mercado, regional e nacional, de vinhos.”

Caline Luiza Rasador, 34 anos

Formada em Enologia e Viticultura pelo Instituto Federal do Rio Grande do Sul, em Bento Gonçalves (RS), Caline também realizou cursos na WSET, além, de ter feito outros estudos voltados ao setor da uva e do vinho. Trabalhou no setor de enologia e comercial por oito anos em uma vinícola em São Marcos, depois teve uma experiência internacional trabalhando em uma vinícola na região de Casablanca, no Chile. Atualmente realiza o mestrado em Viticultura e Enologia pelo IFRS, em Bento Gonçalves, e está cursando Sommelier Internacional pela ABS-RS. Na área profissional faz parte do time de enólogos da Vinícola Campestre, com foco na área comercial.

“Nasci em uma família de origem italiana, onde meu avô materno era produtor de vinho. Apesar de não ter tido a felicidade de fazer vinho com ele, aos 12 anos, pela escola, fomos visitar algumas empresas e entre elas uma era vinícola. Quando me deparei em meio a tanques gigantes de vinho, decidi que me dedicaria à enologia, desde então nunca tive dúvidas. O convívio com meus familiares de diferentes faixas etárias, com as trocas das mais diversas experiências, foram fortalecendo o amor pelo mundo do vinho.

Para mim o vinho é memória afetiva, confraternização, motivo para se reunir e dar muitas risadas com pessoas queridas, agradeço aos meus antepassados, principalmente ao meu avô Bonfílio Tonet que fez com que estas memórias permanecessem vivas em nossa família e hoje me dedico a levar esta alegria para as pessoas através do vinho.”

E o futuro?

“Pretendo seguir me profissionalizando, trocando ideias e experiências com os colegas da área, mas principalmente, que através da minha profissão eu possa ter ações que contribuam com o dia-a-dia de quem resolve abrir uma garrafa de vinho, um suco de uva ou qualquer outro derivado dessa fruta que nos dá tantas possibilidades. Que a longo prazo eu possa plantar sementes que frutifiquem no futuro do setor vitivinícola.”

Carlos Sanabria, 32 anos

“Sou formado pelo IFRS em Enologia e Viticultura e trabalhei na Casa Valduga antes de empreender. Hoje toco dois projetos o da Sanabria Vinhos, um projeto autoral, de mínima intervenção, um laboratório de vinhos únicos. Todo ano os vinhos saem e entram novos explorando o melhor do terroir do Rio Grande do Sul em diferentes regiões como Serra Gaúcha, Campanha, Encruzilhada e Campos de Cima. Além disso tenho também um projeto inusitado de dupla poda em Brasília (DF), chamado Vinhedo Lacustre. São dois hectares plantados, com castas como Pinotage, Alvarinho, Marselan, Lorena, Merlot, Cabernet Franc e Syrah.”

E o futuro?

“A enologia é uma arte em nossas mãos, um amor incondicional que traz paixão, amor, dedicação e empenho à tona todos os dias. Em 5 anos me imagino criando vinhos aos paladares mais exigentes e sendo conhecido por os mais exigentes paladares pelo Brasil e mundo a fora.”

Carol Gonzatti, 29 anos

“Vivo a enologia há 14 anos, quando iniciei o curso técnico no IFRS – Campus Bento Gonçalves, escola onde também fiz meu curso superior na mesma área. Desde meu primeiro ano, experienciei vindimas em diversas vinícolas da região, aproveitando o período de férias para colocar em prática a parte teórica. Tive a oportunidade de estagiar em empresas como Lidio Carraro, Aurora, Chandon, Vallontano, EBV e Quinta da Neve. Mas aos finais de semana eu também trabalhava no atendimento ao cliente em varejos de vinícolas como a Pizzato. No final do curso superior tive a oportunidade de vindimar na Espanha, na região dos vinhos de Jerez. Conheci vinícolas em Andaluzia e na Catalunha, onde minha paixão pela terra se fez mais presente e onde também entendi que vinho não era apenas vinho, mas um estilo de vida. Na volta ao Brasil, trabalhei em uma empresa onde tive a oportunidade de acompanhar a assessoria de empresas no Chile e Uruguai, porém a vontade de ter meu próprio projeto só crescia e a partir de 2022 a Seis Mãos saiu do papel e do porão de casa. Hoje eu trabalho como enóloga, administradora e sonhadora da Seis Mãos, além de assessorar uma pequena vinícola de Monte Belo do Sul.
Escolhi a Enologia por influência de meus pais, mais precisamente de minha mãe. Pra mim não era algo desejado, afinal eu tinha 14 anos, mas seria a forma de eu sair do ensino médio com mais chances de arrumar um emprego e poder começar minha carreira profissional de forma mais fácil. Antes mesmo de me formar já havia muitas oportunidades de trabalho e a paixão pelo vinho começou a nascer. Toda essa vida que existe dentro da taça me fez decidir por cursar o nível superior em viticultura e enologia e permanecer nessa área.”

E o futuro?

“Eu me imagino crescendo junto com a Seis Mãos e levando o nome da cidade, que escolhi para ser casa do meu projeto, para o Brasil e para o mundo. Nosso terroir em Monte Belo do Sul me permite elaborar vinhos de alta finesse e delicadeza, sou apaixonada por espumantes e aqui eu consigo desenvolver novos produtos, novos estilos. Umas das felicidades é de que no Brasil nossa legislação nos permite criar, logo, acredito que podemos explorar ainda mais o potencial dessa pequena cidade que é grande e muito rica em história e tradição. O mercado brasileiro certamente estará mais aberto para novas experiências sensoriais e eu quero poder instigar ainda mais meus clientes com vinhos e espumantes inusitados de alta qualidade, com uvas de Monte Belo do Sul e madeiras brasileiras.”

Eduardo Gastaldo, 43 anos

“Sou engenheiro e administrador de empresas. Minha ‘escola de enologia’ foi uma busca pessoal através da literatura e da convivência com enólogos, agrônomos e vinhateiros, que generosamente se dispuseram a compartilhar comigo suas experiências, técnicas e visões.

A primeira prática com vinificação foi na safra 2017, quando com pouco recurso e muita vontade, produzimos um Cabernet Sauvignon na garagem de casa. Foi o embrião da vinícola Ruiz Gastaldo, localizada no miolo de Porto Alegre, pioneira em Vinícolas Urbanas de nosso país.

Hoje estou envolvido em todo o processo: na escolha de vinhedos parceiros, acompanhando o desenrolar das safras, definindo o ponto de colheita e conduzindo as vinificações. Como “moro com os vinhos” (a vinícola fica no primeiro piso de nossa residência), posso acompanhar cada vinho como se fosse um filho. Entendo que essa interação próxima e constante é importante tanto para filhos quanto para vinhos. À medida que o vinho vai se expressando começo a criação dos rótulos, que homenageiam integrantes da família e também a Cidade de Porto Alegre.”

E o futuro?

“Amo pessoas e sempre que possível estou à frente de degustações e confrarias em nossa Vinícola. Essa é a melhor forma de aprender sobre vinho. Muito antes de ser um produtor, era (e continuo sendo) um apreciador. O que era uma paixão se tornou hobby e naturalmente se tornou um empreendimento. Sou um apaixonado por história, cultura e arte e vi na vinificação uma forma de me expressar e contar a história da minha família e da minha cidade. Espero seguir aprendendo e crescendo como produtor. Quero muito contribuir com a cultura e história do vinho brasileiro.”

Esther Theisen Gabbardo, 30 anos

Mãe da Melissa, de quatro anos, enóloga formada pela Universidade Federal do Pampa e mestre e doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas, Esther já trabalhou como enóloga e gerente de produção nas vinícolas Peruzzo e Guatambu, ambas na Campanha Gaúcha. Atualmente é professora na Universidade Federal do Pampa, atuando na formação de enólogos dentro da área específica da tecnologia de vinificação (operações pré-fermentativas, maturação e envase, práticas enólogicas, processos de clarificação e estabilização e processos térmicos) e áreas correlatas como aromas dos vinhos (rotas de formação de compostos voláteis em vinhos, técnicas para modulação de aromas, técnicas analíticas de aroma dos vinhos) e gestão de pessoas na indústria enológica. Conhece diferentes regiões produtoras de uva e vinho ao redor do mundo, como Uruguai, Argentina, Itália, Portugal, Espanha, França e Alemanha. Apaixonada pela Enologia e principalmente pelas pessoas, encontrou na docência seu grande propósito de vida, onde busca atuar com versatilidade e sensibilidade.

“Bem, eu sou gaúcha, de Dom Pedrito. Uma cidade no interior, próxima ao Uruguai, onde a economia esteve tradicionalmente baseada na pecuária e na produção agrícola de commodities. Contextualizo um pouco para ilustrar que eu não tive, na infância e juventude, contato com a cultura do vinho. Minha escolha pela enologia aconteceu em 2010, fruto de uma transformação que ocorria em minha cidade. Por um lado, a transformação da vitivinicultura brasileira que se expandia para outras regiões fora da Serra Gaúcha, que levou vinhedos e vinícolas para toda a Campanha Gaúcha e por outro lado, uma revolução da educação superior brasileira que levou uma universidade federal para uma pequena cidade do interior gaúcho, e nela o curso de Enologia figurou como uma opção atrativa para mim à época, tanto pela sua característica – a perspectiva de trabalhar com vinho é envolvente e empolgante – quanto pelo potencial mercado de trabalho numa região em expansão da vitivinicultura. A escolha se mostrou certeira. Trabalhei em vinícolas da região, onde multipliquei meu conhecimento e cresci muito profissionalmente. Posteriormente decidi me dedicar à vida acadêmica para poder associar minha paixão pela enologia ao que identifiquei como a grande vocação da minha vida: a docência. Hoje trabalho com pessoas e vinhos, esse é certamente meu lugar ao sol.”

E o futuro?

“Bom. Essa é uma ótima pergunta. Confesso que tive que pensar um pouco mais pra responder. Em cinco anos (e pelo resto da minha vida profissional) quero ter contribuído de fato na formação dos meus alunos. Isso significa mais do que pode parecer: vivemos tempos complicados, muito acesso à informação não garante segurança para tomada de decisão, pensamento crítico, autoconfiança (embasada em conteúdo, é claro). Acredito que isso se observa em todas as carreiras, e ajudar os jovens nesse caminho é minha grande paixão. Ter a alegria de tomar os vinhos elaborados por eles no futuro, complexos, intensos, equilibrados e bem feitos, é minha ambição.

Um adicional no meu projeto de futuro é ser uma referência às meninas, considerando que elas são 90% do grupo de alunos com quem trabalho e que eu sou uma mãe de menina, ser uma mulher e ser referência às outras mulheres, é um sonho pra ser construído e vivido pelos próximos 30 anos.”

Fabiano Demoliner, 39 anos

“Me formei no curso técnico em Enologia em 2002 e em 2007 concluí o curso superior de Enologia, em seguida um MBA em gestão de qualidade e certificações. Cresci em meio à Viticultura e Enologia, minha família cultivava uvas e elaborava vinhos em casa, para o próprio consumo e também pra venda a granel. Trabalhei para a Fecovinho no Programa de Escoamento de Produção e após este período comecei a trabalhar na Cooperativa Vinícola São João Ltda, de Farroupilha (RS) onde estou trabalhando até hoje como enólogo responsável técnico. A enologia foi uma escolha natural, uma espécie de sequência na atividade da família.”

E o futuro?

“Eu continuo me especializando, participando de concursos como avaliador e trabalhando na enologia, atividade que sempre me desafia como profissional a cada safra, buscando a excelência nos produtos.”

Felipe Antonio Pertile, 36 anos

“Estudei Enologia no Instituto Federal do Rio Grande do Sul e Administração de Empresas na Universidade de Caxias do Sul. Trabalhei no varejo e como guia de visitação na Vinícola Peterlongo, na área da produção fiz estágio de formação na Cooperativa Vinícola Garibaldi. Depois segui trabalhando na vinícola Belmonte na área produtiva até que comecei a me envolver mais na parte administrativa e na tomada de decisão para elaboração dos vinhos, onde atuo até hoje. A escolha da enologia veio através do convívio desde pequeno, pois a Belmonte foi fundada três anos antes de eu nascer, eu sempre estive no meio e achava muito interessante.”

E o futuro?

“Hoje tenho projetos mais audaciosos, elaborar vinhos diferentes, que fujam do padrão do mercado, e até mesmo uma forma de consumo diferente, que valorize o vinho e as experiências que o cercam. Me vejo não em outro lugar a não ser no meio do vinho por muito tempo, pois o vinho une amigos pessoas e isso sempre será necessário.”

Felipe Bebber, 34 anos

“Escolhi a enologia por uma grande vontade e curiosidade de entender a fundo a mágica por trás deste universo. Desde muito cedo o contato com as vinhas do avô me instigava a conhecer mais sobre o processo produtivo que envolvia este mundo. Me recordo de acompanha-lo durante a entrega das uvas em vinícolas de Flores da Cunha e ficar encantado olhando todo aquele maquinário funcionando. Como um jovem muito inquieto desafiei meu pai a produzirmos um lote de experimental de vinhos e desde aquela primeira ‘brincadeira’ decidi que cursaria enologia, nunca mais me separando deste mundo.”

E o futuro?

“Desde o início da minha trajetória profissional até o momento muitas coisas se passaram. Lançar o projeto familiar foi sem dúvidas o mais desafiador de todos os sonhos. Certamente para os próximos cinco anos imagino uma jornada incrível para este sonho que entra em uma fase de maturidade que me permite ousar um pouco mais em alguns projetos carregados com muita personalidade. Espero que neste período possamos estar ainda mais em evidência e destaque no mercado como produtores de excelência.”

Gustavo Postingher, 33 anos

“Sou uma pessoa tranquila, reservada, sempre com um ‘ar de sério’, organizado e metódico ao fazer as atividades. Sou Bacharel em Administração, Tecnólogo em Viticultura e Enologia (IFRS -BG) e mestrando em Viticultura e Enologia (IFRS -BG). Durante a formação em Enologia, tive uma experiência de estudo e trabalho no exterior, na Itália. Fiquei por um ano estudando Viticultura e Enologia na Università di Bologna (UNIBO), uma das universidades mais antigas do mundo. Além disso, trabalhei na ASTRA Innovazione e Sviluppo, uma empresa que presta serviço em pesquisas e experimentações no âmbito vitivinícola e alimentar na região da Emilia Romagna.

Sempre tive ligação com a uva e o vinho, sou filho de viticultores, porém minha trajetória em cantina, iniciou na Chandon do Brasil onde estagiei na safra 2016. Logo em seguida, recebi um convite para assumir a supervisão do setor de elaboração na Cooperativa Vinícola Garibaldi, onde atuo até hoje. Vou para a 9º safra com uma felicidade enorme de fazer o que gosto e onde gosto, a Cooperativa é minha segunda casa. Tive a oportunidade de conhecer alguns países através de viagens técnicas e a passeio mesmo, atestando o potencial que o Brasil vitivinícola possui.

Escolhi ser enólogo simplesmente por que não sei fazer outra coisa senão ser enólogo, frase de um colega e amigo que traduz muito bem a minha relação profissional com a uva e vinho. Minhas raízes estão ligadas a Viticultura a quatro gerações, sou filho de viticultores e viticultor nas horas vagas, amo fazer isso. A enologia veio como complemento de tudo que vivenciei em campo. Hoje é a profissão que me sustenta, que me alegra a cada amanhecer e que me estimula a estudar e evoluir cada vez mais.”

E o futuro?

“Me enxergo daqui cinco anos ainda ligado a Viticultura e Enologia, claro como um enólogo e gestor mais experiente e qualificado, onde possa ter o reconhecimento de colegas como tal. Me vejo com a formação de mestrado concluída. Me imagino ainda atuando na Cooperativa Vinícola Garibaldi, empresa que tenho muito carinho e apreço. Mas um grande sonho é ter um vinho autoral.”

Isabella Magalhães Machado Sano, 30 anos

“Fiz faculdade de Viticultura e Enologia no Instituto Federal de São Paulo, Campus São Roque e hoje estou cursando minha segunda graduação em Gestão de Marketing. Durante o curso de Enologia fiz quatro safras, três em Espírito Santo do Pinhal (vinícolas Guaspari e Terra Nossa) e uma em Pirenópolis, Goiás (Vinícola Assunção), todos com Colheita de Inverno. Com a conclusão do curso recebi o convite para gerenciar e ser enóloga da loja da vinícola Campestre em São Paulo e no ano seguinte fui selecionada para a Casa Verrone, Itobi (SP) para atuar no enoturismo e como enóloga residente, com o intuito de realizar as safras de verão e inverno. Hoje atuo como consultora de enologia para a vinícola Dona Bárbara em Consolação (MG). Escolhi enologia por conta de uma conversa com minha mãe e ela me abriu os olhos para uma profissão nova que poderia ter um futuro promissor, pois o mercado de vinho estava se expandindo no interior de São Paulo e Minas Gerais.”

E o futuro?

“Daqui a 5 anos me imagino tocando minha própria vinícola, tendo algumas consultorias e sendo reconhecida pelo meu trabalho.”

Isadora Cassiano De Paris, 30 anos

Bacharel em Enologia pela Universidade Federal do Pampa, formada na primeira turma do curso em 2015, Isadora também é sommelière formada pela ABS-RS e trabalha como Enóloga na Cooperativa Vinícola Aurora, na cantina da Unidade Matriz da Vinícola Aurora. Lá acompanha a separação de uvas e a elaboração dos vinhos, além de auxiliar na elaboração dos tintos e brancos para o envase. Também presta assistência nas análises laboratoriais e preparo de degustações, bem como participa de feiras e eventos do setor.

“A Enologia apareceu na minha vida pelo destino, pois minha família não é produtora de uva e minha cidade natal é muito recente na Vinicultura, mas o meu pai sempre foi um apaixonado por vinhos e o meu primeiro incentivador, sua curiosidade em saber mais sobre esse mundo passou para mim. Quando terminei o Ensino Médio, era momento de prestar vestibular e no mesmo ano a Unipampa criou o curso, tudo para que eu ingressasse e começasse esse caminho”

E o futuro?

“Essa pergunta é bem complexa pois me considero muito nova no setor, tenho muitos pontos que quero melhorar e estudar ainda, claro que como todos tenho sonhos e projetos e dentro deles gostaria de conhecer mais países produtores. Viajar para a Europa, fazer safra fora do Brasil que ainda não fiz. Mas a profissão já me proporcionou conhecer Mendoza e o Peru. Foram experiências únicas!”

João Góes Soares, 25 anos

“Me chamo João! Sou da quinta geração da família Góes, e desde 2021 atuo na vinícola como enólogo, depois de graduado em Vitucultura e Enologia pelo Instituto Federal Campus São Roque. Durante o período da faculdade realizei alguns estágios na Chandon Brasil e na Plátanos, antes de me estabelecer no negócio da família. Ao ingressar na Góes tive a oportunidade de realizar uma safra no Chile, estagiei na Villard Fine Wines e conheci também a tanoaria Nadalié Sudamérica, onde acompanhei o processo de produção de barricas e foudres. Hoje atuo como responsável pela vinificação, desde o recebimento das uvas até a parte final de maturação e envase.

Acredito que tenha escolhido esse ramo por sempre estar presente no mundo do vinho, desde pequeno escutando meus avós contarem histórias e causos da vinícola, na mesa de jantar sempre ter uma garrafa de vinho presente…E essa vontade de entrar no mundo enológico surgiu de forma natural, espontânea. Nos primeiros semestres da faculdade já senti que seguiria isso para a minha vida, uma paixão pelo vinho!”

E o futuro?

“Daqui pra frente, eu quero buscar um maior conhecimento na área de vinificação. Buscar experiências fora do país, principalmente na Europa, realizar safras na França, Itália ou Portugal, e me especializar nessa área da vinificação, que é um setor onde tem muito o que desbravar e aprender.”

Letícia Fensterseifer, 28 anos

Enóloga formada pelo IFRS Campus Bento Gonçalves, Letícia não tinha experiência no ramo vitivinícola até iniciar a faculdade de Enologia, para conhecer mais a cadeia produtiva decidiu conciliar as aulas com estágios durante a safra de uva e projetos de pesquisa na área de microbiologia enológica. Atuou em empresas da Serra Gaúcha, como Grupo Miolo, Moet et Henessy do Brasil, vinícolas Aurora e Lidio Carraro, essa trajetória trouxe a possibilidade de diversas experiências, nas áreas de análises e controle de qualidade, enoturismo e Enologia.

Desde 2020 integra o time de enolólogos da EBV Urban Winery, junto de Alejandro Cardozo, em Caxias do Sul (RS), atuando em todas as etapas de elaboração, desde o recebimento de uvas até a finalização dos vinhos e espumantes, tendo contato com inúmeros projetos de diferentes estados do Brasil. Também trabalha ativamente com ensaios de pesquisa e desenvolvimento de novos produtos buscando atualização constante.

Além da experiência no Brasil, Letícia trabalhou com a empresa americana Three Sticks, em Sonoma, na Califórnia, quando foi responsável pela elaboração dos vinhos brancos da safra 2022.

Atualmente, paralelo ao trabalho realizado na EBV, está lançando a Orbello Vinhos de Lugar, seu projeto pessoal com Marcelo Schuch, que foca em vinificações em pequenos lotes de vinhedos específicos de Monte Belo do Sul.

“Eu não conhecia muito a profissão até a faculdade. Quando entrei no curso fiquei encantada com a ideia de estudar diferentes áreas como viticultura, química, microbiologia, e gestão e aplicar esse conhecimento na produção de uma bebida milenar.”

E o futuro?

“Dentro de cinco anos, pretendo ter o projeto Orbello bem estabelecido, com vinificações em outros terroirs, inclusive fora do Brasil. Sempre desejei contribuir com o desenvolvimento da vitivinicultura brasileira, espero poder fazer a diferença.”

Lorenzo Cristofoli, 28 anos

“Nasci em Bento Gonçalves, e cresci em meio a essa realidade vitícola, mais especificamente em Faria Lemos. Filho de vitivinicultores, a Viticultura e a Enologia me abraçaram ainda jovem, e a minha ida para o IFRS onde eu iniciei o curso técnico foi muito natural, na sequência segui para o curso superior.

Tive a oportunidade de trabalhar no grupo Miolo, na unidade de Candiota, o Seival, junto do enólogo Miguel Almeida, e também nas vinícolas portuguesas Raposeira e Murganheira, comandadas pela enóloga Marta Lourenço, grandes experiências profissionais. Atualmente trabalho na Cristofoli, vinícola da minha família, lugar onde mora meu coração. Cuido da Viticultura e também da Enologia ou seja, da produção das uvas e dos vinhos. “

E o futuro?

“Daqui alguns anos pretendo ter mais uma experiência fora do país, iniciar um estudo das características das áreas onde os nossos vinhedos estão plantados, aqui em Faria Lemos, além de ter novos rótulos e mais parreirais plantados.”

Lucas Bueno, 27 anos

Formado em enologia pelo Instituto Federal de São Paulo e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo, Lucas é pós-graduado em Gestão de Negócio em Vinho, e também tem curso complementar em mestre alambiqueiro e madeiras para maturação de cachaça. Atualmente é enólogo responsável pela vinícola da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), onde estão incubados 26 produtores dos quatros estados do sudeste (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espirito Santo).

“Eu entrei no mundo da Enologia por conta do meu pai. Estava pensando em cursar engenharia, mas depois percebi que não era bem o que queria. Meu pai, músico e sempre rodeado de amigos e vinhos, disse que achava que o vinho estava em alta e por isso podia ser um bom curso para mim. Prestei e entrei no IFSP Campus São Roque. Lá tive muitos bons professores que me mostraram o mundo do vinho e acabei me identificando e gostando.”

E o futuro?

“Daqui 5 anos, espero continuar dentro da vinícola, elaborando bons vinhos e que consiga mostrar que o Brasil faz vinhos de qualidade.”

Lucas Foppa, 27 anos

“Iniciei meus estudos, no curso técnico de Viticultura e Enologia no IFRS, em Bento Gonçalves (RS), com 13 anos – sou adiantado na escola. Me formei após um estágio na Moët Hennessy do Brasil (Chandon), trabalhei na Cave de Pedra, Pizzato e Maximo Boschi durante meus estudos. Meu estágio da faculdade foi em Cádiz, na Espanha, no Centro Andaluz de pesquisas vitivinícolas. Em 2017, iniciei a Tenuta Foppa & Ambrosi, com o Ricardo Ambrosi, no porão da casa dele. No mesmo ano, fomos ao Napa Valley, trabalhar na vinícola Rombauer. Ao voltar ao Brasil, cheios de ideias, demos início ao que hoje é a estratégia da Foppa & Ambrosi, tanto no Brasil, como nos Estados Unidos e Uruguai – onde temos produção também.

Eu não sou filho de produtores e nem tinha nenhuma familiarização com o vinho. Entrei por estímulo da minha mãe, após passar no processo seletivo no IFRS. Durante o curso, apareceu oportunidade de trabalhar na Cave de Pedra, atendendo turistas. E aí eu me apaixonei de vez por esse universo tão lindo e saboroso. Nunca imaginei que essa paixão pudesse me levar a criar, sem nenhum investidor ou família rica, a nossa vinícola.

Depois do curso superior de Viticultura e Enologia, entendi que precisava me dedicar a gestão, afinal, começamos uma empresa que se tornou global. Fiz pós-graduação em Controladoria, Planejamento e Controle.”

E o futuro?

“Em 5 anos espero poder aprender muito mais sobre gestão, para poder sustentar o crescimento da vinícola sem jamais perder qualidade – apenas aumentar. E lógico, tudo isso será alcançado junto com meu amigo, sócio e o melhor enólogo que eu conheço: Ricardo Ambrosi.”

Luísa Tanure, 31 anos

“Sempre gostei de física e matemática e, por causa disso, na época do vestibular decidi fazer Engenharia Civil. Concluí a graduação sem me identificar plenamente com o curso, porém, o vinho sempre esteve presente comigo em momentos de alegria com família e amigos. Quando descobri a graduação em Enologia, não tive dúvidas. Mudei de estado para fazer a faculdade e nunca me arrependi: prefiro fazer vinho do que fazer prédio! Me formei pelo Instituto Federal de São Paulo – Campus São Roque. Durante a graduação, atuei no laboratório da faculdade como voluntária e bolsista CNPq. Após a formatura, assumi como enóloga da vinícola Casa da Árvore, onde trabalhei com vinhos tranquilos, espumantes e licorosos. Após 3 safras, me mudei para Ribeirão Preto para atuar como enóloga na Vinícola Terras Altas, produzindo vinhos e implementando o enoturismo.”

E o futuro?

“Nos próximos anos, eu me imagino crescendo junto com a Terras Altas, vendo o projeto evoluir e os vinhos serem reconhecidos.”

Marina Siqueira, 29 anos

“Iniciei o curso de Enologia no Instituto Federal de São Paulo, campus São Roque. Antes de me dedicar a estudos e trabalho em enologia, participei de cursos de formação para cozinheiro profissional, uma experiência que foi crucial para iniciar estudos mais específicos relacionados ao vinho.

Durante a faculdade, trabalhei na vinícola Bella Quinta em São Roque (SP), sob a supervisão do casal proprietário Gustavo Borges e Bruna Reviglio onde atuei no enoturismo local desenvolvendo habilidades na áreas comercial e de atendimento ao cliente. Também passei por um período de estágio na EBV em Caxias do Sul (RS), colaborando com o enólogo Alejandro Cardozo e as enólogas Letícia Fensterseifer e Márcia Gujel. Destaco minha participação na safra de inverno de 2023 na vinícola Locanda do Vale, na Chapada dos Guimarães (MT), onde trabalhei junto ao enólogo consultor Cristian Sepúlveda. Atualmente, não estou vinculada a nenhuma vinícola, aproveitando esse período para me dedicar ao planejamento de futuros projetos no sítio de minha família em Minas Gerais.

O vinho sempre fez parte da minha vida, uma paixão compartilhada por meu pai e minha mãe. Embora o mundo do vinho não fosse totalmente desconhecido, a enologia não era uma carreira que eu havia considerado.

Enquanto cursava a formação profissional de cozinheiro em 2018, decidi realizar também um curso de garçom para aprofundar meus conhecimentos na área de alimentos e bebidas. Foi durante esse curso que tive a oportunidade de participar de aulas específicas sobre vinho, despertando minha curiosidade. As dúvidas que surgiram durante essas aulas me levaram a compreender que a ciência por trás do vinho era fascinante e que um curso de enologia era essencial para aprofundar meu entendimento. Após ser aprovada no curso construí uma rede valiosa de amigos e colegas que compartilham experiências, tornando-se uma rede de apoio essencial.”

E o futuro?

“Descobri que o aprendizado na enologia continua a se desenvolver a cada safra. Minha adaptabilidade e curiosidade são características pessoais que moldam meus planos para o futuro. Embora tenha metas definidas, estou atenta às oportunidades disponíveis no momento e alinho meus objetivos as minhas crenças. Atualmente, estou aproveitando o tempo disponível para planejar e iniciar a execução de um projeto relacionado à agroecologia e tecnologia em nossa propriedade em Minas Gerais. Este projeto, que está no início, envolve a colaboração com meus dois irmãos, que possuem formações em agroecologia e tecnologia. Planejamos explorar as áreas de conhecimento e pontos fortes de cada um, seguindo os princípios da agroecologia. Este projeto incluirá a aplicação da viticultura em práticas agrícolas mais complexas e abrangentes. Enquanto este projeto se desenvolve, estou aberta a oportunidades relacionadas à enologia.”

Pietra Rech Possamai, 28 anos

“Nasci em Bento Gonçalves, filha única, sagitariana. Estudei toda minha vida em escola pública, estudei no IFRS, em Bento Gonçalves (RS), no ensino médio técnico e em seguida ingressei no ensino superior. Meu primeiro emprego foi na Almaúnica, com o Márcio Brandelli e na época com o Giovani Ferrari, que hoje faz um trabalho espetacular com o seu projeto próprio, a vinícola Arteviva. Depois trabalhei na Embrapa, inicialmente na parte de estudo de solos e logo no laboratório de Enoquímica, depois na Fecovinho, o que me abriu caminho para conhecer mais sobre vinhos naturais ou de baixa intervenção – com o Helio Marchioro na Casa Ágora, um projeto muito bonito e cheio de significado para mim.

Em 2018 fiz minha primeira safra fora do circuito Serra Gaúcha, na Abreu Garcia, com o Leonardo Ferrari, uma pessoa inteligentíssima e muito generosa compartilhando seu conhecimento. Todo esse caminho – e mais um pouco – me trouxe a essa aventura: atualmente sou enóloga da Bodega Murga, no Valle de Pisco, Peru. Estou aqui desde fevereiro de 2019 e tem sido uma experiência muito desafiadora e bonita ao mesmo tempo. Trabalhamos com as uvas ‘pisqueras’, também conhecidas como uvas criollas. São as primeiras variedades a chegar nas Américas lá em 1500. Todas são viníferas e por séculos utilizadas somente na produção de pisco. Importante destacar que pisco é um destilado de vinho, conhecido como destilado mais nobre do mundo pois é o único que só pode ser destilado uma única vez.

Somos uma vinícola muito pequena, que produz vinhos naturais, piscos de alta gama e mistelas de altíssima qualidade. Ainda não temos nossa certificação orgânica, mas nosso campo é completamente livre de pesticidas, químicos e herbicidas sem perder a coerência com a realidade sempre respeitando nosso entorno, cheio de vida: nos visitam centenas de pássaros, joaninhas e outros seres mais. Minha função é bem faz tudo, sou responsável pela elaboração de todos os vinhos, bem como seus respectivos nomes e o conceito por trás de cada uma das suas etiquetas, e a Raquel Tudela, nossa designer argentina maravilhosa e esposa de um dos proprietários da vinícola coloca toda essa viagem criativa no papel.

Também participo da venda e pós venda, assim como de eventos e quase todas nossas degustações. E vivo dando pitaco no campo, que é onde originalmente começa meu trabalho, sempre. Eu sempre digo que é bastante possível estragar uma uva perfeita, mas é impossível consertar uma uva ruim. Hoje posso dizer que participo de todos os setores e isso me deixa contente, mesmo sendo muito demandante e um pouco cansativo, mas vale a pena. Sou feliz e agradecida pela confiança que os proprietários depositaram em mim e a liberdade de criação que sempre me permitem ter.

Isso pode soar piegas, mas acredito que a enologia me escolheu antes. Minha tia Remi Possamai, irmã do meu pai, sempre estimulou que eu estudasse o ensino médio técnico no IFRS desde criança… Ela sempre viu isso em mim.”

E o futuro?

“Espero estar mais calma, seguir fazendo bom vinho, vendendo bom vinho… e com o Brasil hexacampeão! Assim espero.”

Sara Silva, 28 anos

“Sou graduada pela Universidade Federal do Pampa, campus Dom Pedrito e pós graduanda em Vigilância Sanitária e Controle da Qualidade dos Alimentos, Estácio. Durante o período acadêmico realizei em vinícolas do Rio Grande do Sul, depois trabalhei como enóloga assistente na Vinícola Ferreira, situada em Piranguçu (MG).

Atualmente, trabalho como enóloga assistente, ao lado de Isabela Peregrino, na Vitácea Enológica, em Caldas (MG)

Sempre achei interessante o mundo do vinho e não fazia ideia do quão abrangente era. Então, quando descobri que existia curso superior não tive dúvidas de que gostaria de fazer. E é realmente um mundo à parte e muito apaixonante, com muito trabalho duro, claro…mas com prazer na minha profissão.”

E o futuro?

“Em cinco anos eu me imagino trabalhando ainda na parte de produção que é o que eu mais gosto, e penso ter algum rótulo com a minha participação, e já com uma bagagem maior de experiências profissionais.”

Vagner de Vargas Marchi, 32 anos

Desde sua formação no curso técnico em Enologia pelo IFRS-BG Vagner atuou em vinícolas como Campestre, Mena Kaho, Famiglia Zanlorenzi e Chandon do Brasil, além de Monte Sant’Ana e Floeno, onde trabalha atualmente. Durante a graduação também desenvolveu pesquisas no laboratório de Fisiologia Vegetal e Ecofisiologia na Embrapa Uva e Vinho, atuando principalmente em trabalhos que auxiliaram a conquistar a Indicação de Procedência dos vinhos da Campanha Gaúcha. No exterior, teve experiências na França, Alemanha e Itália durante o mestrado e também trabalhou em vindimas na Rombauer Vineyards, no Napa Valley (EUA), na Kay Brothers, em McLaren Vale (AUS) e no Château Potensac, em Bordeaux (FRA).

“Digo sempre que tive muita sorte em me descobrir tão cedo… Na verdade foi amor à primeira vista! Apesar de eu não ser descendente de família inicialmente ligada ao vinho, descobri o mundo da Vitivinicultura com 10 anos de idade, quando minha mãe se casou pela segunda vez e eu entrei na família do meu padrasto – família Poggere de São Marcos (RS), na Serra Gaúcha – onde com seus irmãos cultivavam seis hectares de uvas e produziam vinho de mesa. Desde essa época, imerso nesse ambiente, auxiliando na colheita da uva nas férias de verão, vivenciando os engarrafamentos durante o turno contrário da aula durante o ano, e pela influência também dos primos que já tinham ido estudar em Bento Gonçalves, lembro que me decidi desde então: “vou ser enólogo”.

Na época, lembro que por aquela idade as crianças já começavam a ser questionadas “o que você vai ser quando crescer?”, e quando eu falava enólogo, a maioria das pessoas não fazia ideia da profissão, então era necessário explicar. É emocionante ver como o nosso setor e a profissão se tornaram mais conhecidos no Brasil desde então, alavancada pelo crescimento e desenvolvimento do Brasil como produtor, mas também como consumidor. Quando eu explicava que era lidar com uva, vinho e todos os seus derivados, as pessoas ficavam assustadas de uma criança dizer isso! Quando completei 14 anos e chegou o momento de me inscrever para o processo seletivo do IFRS-BG não tive dúvidas e desde então iniciou essa jornada no mundo da Viticultura e Enologia. Desde a minha primeira formação já pude participar profissionalmente em 19 vindimas nos últimos 15 anos – mesclando as vindimas tradicionais de verão no Hemisfério Sul e as do Hemisfério Norte, e as de colheita de inverno no sudeste brasileiro).”

E o futuro?

“Certamente elaborando vinhos! Buscando aprender e melhorar todos os dias. Também me imagino continuar falando e representando o vinho brasileiro, em nosso país e fora dele.”

Vanessa Antunes, 32 anos

“Sou formada em Viticultura e Enologia pelo Instituto Federal de São Paulo-IFSP, campus São Roque, fiz estágio na cantina da Cooperativa Vinícola Garibaldi – ali foi o marco profissional na definição da área que gostaria de seguir, a Enologia. Atuei como enóloga por três safras na Vinícola Casa da Árvore-Hrobat em São Roque (SP), no campo e na cantina, possibilitando experiência na viticultura e enologia, além do desenvolvimento como líder e na tomada de decisão, obtive grandes aprendizados, desafios e conquistas.

Atualmente, atuo como enóloga residente da Vinícola Pioli, em Jacutinga (MG), onde venho ampliando meus conhecimentos com a técnica da Dupla Poda e na elaboração de vinhos de Colheita de Inverno.

Já atuava na área agrária, iniciei mestrado em Agricultura e Meio Ambiente pela Ufscar, onde cresceu o meu interesse pela Fruticultura. Em uma viagem à Portugal, no vale do Douro, decidi que queria trabalhar com a uva. Voltando ao Brasil, busquei aprofundar meus conhecimentos no setor e iniciar o curso em Viticultura e Enologia.”

E o futuro?

“Meu foco atualmente é meu desenvolvimento profissional, acredito que tenho muito que aprender como enóloga, minha ânsia é por me desenvolver dentro do setor. Daqui cinco anos quero ter ampliado meu conhecimento em viticultura e enologia, ter uma base mais sólida e a energia e paixão que tenho pela enologia.”

Wellynthon Machado da Cunha, 29 anos

“Me tornei Bacharel em Enologia pela Universidade Federal do Pampa, em Dom Pedrito (RS), depois realizei mestrado e doutorado em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) nos anos de 2020 e 2023 respectivamente. Durante a graduação, realizei estágio curricular supervisionado na Vinícola Don Guerino, e após trabalhei na vinícola Guatambu. Desde 2017, atuo como enólogo na Unipampa, campus Dom Pedrito.

Confesso que meu ingresso na área de enologia não foi tão romântico. Eu era muito novo, tinha 16 anos, já era técnico em informática, e o curso de Enologia na minha cidade era inédito (faço parte da primeira turma de egressos do curso). Decidi me matricular e dar o benefício da dúvida. O lema de muitos da nossa turma em 2011 era “vamos ver no que vai dar”. E deu no que deu. Desde o início da minha trajetória como estudante do curso, me tornei e sou até hoje um apaixonado pela Enologia. Não me imagino trabalhando em outra coisa sem ter como eixos principais a uva e o vinho.”

E o futuro?

“Essa é uma pergunta muito legal, que nos permite refletir e traçar metas. Me imagino desenvolvendo pesquisas que possam contribuir com a Viticultura e Enologia em nível regional, nacional e internacional. Tenho uma ambição pessoal em me tornar professor de Enologia, mas tenho certeza que por já estar dentro da universidade e inserido em diversos espaços e trabalhos, posso contribuir de diferentes formas. Ainda almejo uma oportunidade de passar um período fora do país, a fim de obter mais conhecimento pessoal e profissional.”